quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Fui embora mais uma vez.
Beijei sua bochecha e fui.
Me lembro de fechar a porta e não olhar para trás.

E do vazio
Profundo
Tão absurdo que beira até a falta de sentir.
Nele, a dor já passou seus limites.

Amor, cheguei a tempo. Consegui entrar naquele ônibus. Eu teria te dito.
Se não tivéssemos nos virado sem dar adeus.

Meu tchau seco ficou pairando pelo ar.
Naquele espaço que tanto me absorveu.
Que me roubou um pedaço.

Somos misturas de passados, tentando nos manter eretos.
Continuamos quadrupedes funcionais.

Acho que nada mais me serve.
Mas, numa teimosia incerta, permaneço aqui.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Abrigo


vem, 

se ajeita no meu colo.
aquele que você permitiu
o único que você deixa vir acompanhado de cafuné.


vem,

que meus dedos entrelaçam o seu cabelo
enquanto olho as estrelas na parte de trás da sua orelha
e minha mão se esparrama pelas suas costas


fica,

que eu vigio enquanto você dorme
enquanto os pássaros do seu ombro saem e passeiam por aí
e te cubro do frio que você sempre sente


fica,

que o sossego chegou
e alojou-se finalmente aqui
entre eu e você
e os dias por vir.