quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

- Era o impossível?

- Acho que não.

Eu quis a brecha para um relacionamento começar a escorregar por ali.
Eu quis você.
Conhecer do que é feita, sua essência, suas dores, seus amores.
Queria conversas despretensiosas em mesas de um bar qualquer. Daquelas que, quando se percebe, já se sabe muito em poucas horas.
Conversas de travesseiro com pequenas confissões deliciosas e bobas.
Quis você na minha porta porque não aguentou de saudade, e quem se importa se fosse de madrugada?
Um bobagem comprada que eu gosto e viesse entregar.
Que fizesse questão de estar junto e acompanhar, até nos eventos chatos. Eu faria. Mas você não pediu. Não queria me incluir ali.
Também queria colo, proteção e que viesse correndo. Que em qualquer ocasião alheia, olhasse e falasse: que bom que você está aqui.
Que eu fizesse bem, não só por ser uma pessoa "considerada" boa, incrível. E que sempre é a amiga.
Também queria paciência e calma, que entendesse minhas crises, meus vazios, meus complexos e inexatidão.

Queria todas dessas pequenas coisas que nos unem. Mas que ficaram no "poderia acontecer".

Pensando bem, até mesmo no primeiro dia tivemos alguém na mesa. Buscada por você do outro lado da rua.

Ah, o primeiro dia. Esperava um encontro qualquer, decepcionar com qualquer pequeno detalhe ridículo que faria pensar em qual seria a melhor maneira de encerrar aquilo logo. Até eu virar para trás. Até o seu sorriso me pegar e eu não querer soltar.

Até eu não conseguir mais.

Tudo poderia sim ser mais e melhor.
Eu também.
Mas não sei ser menos.
Não sei e não quero me segurar, não demonstrar, me vigiar para não sentir ou demonstrar.

Você não sabe o inverso.
Talvez não queira.
Não sei se algum dia você quis se jogar, mesmo com medo. Tenho a sensação que sim, com uma pessoa.
Mas não comigo.

No fundo, acho que é só isso.
Você nunca quis, não sentiu.
Foi paixão passageira.
Dessas de carnaval, mas no inverno.

É, não era o impossível, apenas não era.