domingo, 24 de maio de 2015

Passa aqui.

Me leva embora. Daqui. De mim. Da vida.

Me pega, joga, puxa meu cabelo.

Invade com tudo.

Se lança, me encoraja. Me leva e mostra para onde seguir.

Porque eu, assim, já cansei de decidir.

Sou cansada. Sem vida. Tentando fingir.

Me atravessa. Enxerga além. Saiba o que dizer.

Não precisa respeitar tanto assim.

Entenda o que eu não digo.

Sente.

Me explica o que eu não sei.

Me faz viver enfim.




sexta-feira, 22 de maio de 2015

tenho carências demais, para pouca pessoa.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Impressões sobre a minha primeira corrida.

Foi ontem. Minha primeira corrida. Pode parecer banal, bobo escrever sobre isso. Sempre questionei as pessoas super emocionadas com esse fato. Eis que, me vi assim. Via na tv as pessoas correndo por alguém que tinha partido. E esse alguém nem tinha história com corrida e eu pensava "mas que diabos uma corrida tem a ver com isso?". Eis que, me vi assim.

Veio como uma onda, a energia que percorria o lugar. E sim, eu quis fazer a corrida por ele. Não tem sentido, nem racionalidade nisso. Você só sente. E no meio daquela atmosfera mágica, beijei a correntinha, a dele, que carrego comigo, e olhei para o céu com os olhos marejados.

Poderia parar nesse parágrafo para sempre, pensando nisso.

Mas como na corrida, tenho que seguir. Eram 10 km pela frente e me dei conta que essa primeira vez não poderia ser em um lugar mais especial, foi no que chamo de "quintal de casa", a praia, não em uma qualquer, mas nas areias de Bertioga, onde reside tantas memórias.

Enquanto corria, passava por sensações, memórias, acontecimento e gestos. Pessoas incentivando umas as outras, percebi que correr, é acima de tudo solidário. Gratuitamente, você torce e grita para os primeiros que passam, você nem os conhece, não importa, assim como a posição que você está. Você apenas quer chegar também.

Eu corria e observava, presente, passado e o cotidiano. Olhei aquele monte ali no horizonte, o mesmo que quando criança, nas andanças na praia com meu avô, era nosso ponto de volta de onde tínhamos vindo, não sem antes a minha imaginação de quem tinha acabado de ler a Ilha Perdida, perguntar: "vô, tem gente que mora ali? Dá para ir ali?". E ele é do tipo que incentiva e não te deixa sem resposta nunca e dizia, "claro, vamos acampar ali". Eu ficava maravilhada. E perguntava de bichos e se íamos naquele dia mesmo. Claro que nunca fomos. E isso importa?

Eu corria e vi uma mãe com uma criança no colo na beira da água, um casal logo adiante fazia algum tipo de adoração ajoelhados a beira mar, com as palmas da mão voltadas para o céu. Era como se aquela energia pudesse me alcançar. Naquele momento agradeci, pela minha vida, minha história, por momentos, pelo sol e pelo mar - o meu mais antigo amigo. Estendi os braços, fechei os olhos e agradeci ainda correndo. Porque essa era a sensação que me vinha.

Eu corria e vi gente que tirou o tênis e foi até o final sem, senti as pernas continuarem e o ar não vir, passei por conchas que voltei para pegar. Vi senhoras, crianças, concentração, suor, risos, alegria, vi a vida. Cantei na minha música preferida e dancei com as mãos.

Cheguei. Cheguei procurando as pessoas especiais com quem fui, cadê, cadê? E vi um sorriso largo. Ainda tive fôlego para pular e comemorar. Mais alguns passos e outro sorriso largo me esperava, filmando tudo. Porque, como sempre, ela sempre esteve ali nos momentos marcantes. Um abraço triplo e sincero, de alegria, de orgulho, de satisfação de que conseguimos, mas acima de tudo, de conseguir junto e poder compartilhar.

Ah, o orgulho. Como me faz falta o seu. Como ele me vem sempre na cabeça. O seu sorriso e emoção no que eu conquisto. A emoção que não era mostrado nas palavras, mas no olhar. O meu melhor vai ser sempre para isso. Para você.

Depois de tudo, mergulhei, no mesmo mar em que minha avó, após colocar a toquinha, ia nadar.

Senti o sal. A água. O sol. O frio. a força da água. Olhei em volta. Rezei. E me fui.

Porque assim como na corrida, a gente tem que seguir.