domingo, 30 de novembro de 2014

Sabe Patrícia, às vezes sinto um dor. Absurda. De um vazio tão fundo. Que nunca soube de onde veio.

Já te contei que desde que me lembro eu fui assim. Essas dores, afiadas, que chegam ao nada. Como se eu sentisse tanto, que parece que não sinto nada.

É, acho que não sei descrever. E faço tantos absurdos durante esse não sentir, como buscar a última pessoa que esteve por aqui.

Eu sei, eu sei, não é ela. Nunca foi. Mas eu fiz mais do que já fiz. Senti. Apaixonei.
E hoje, de novo, lancei um pedido de ajuda desesperado cheio de mágoa, quem nem dela era.Não sei porque chamo de pedido de ajuda. É só uma tristeza absurda que vem de vez em quando. E é muito a se pedir.

Ela, que não entende metade do que eu digo. E quem entenderia?
Falei, dorme comigo de despedida. Mas, na verdade, não é despedida, é que não quero ficar sozinha. Ta difícil, a vida. Mas não é isso também. Queria que viesse correndo e desse colo como eu faria.

Disse tudo isso. No auge da crise. E ela disse, você não entende. E eu: você também não.

E quem entenderia?

Ela acha que é cobrança. Eu acho outra coisa. Ficamos assim.

Mas, sei, que com tudo, era ela que servia agora. Não sei porque. Não sei explicar.

Já fiz isso em diversas vezes, com diversas pessoas.
Não sei o que fazer para isso mudar.
Isso de uma vida inteira.
A cada festa tem sempre um momento em que fico mal. Já te falei isso, lembra? Vem e parece que não saio mais. Acabo chorando.

É horrível. Parece que sempre busco aquele cuidado. Alguém que venha e cuide.

Será coisa de mãe?
De mim?

Vou para por aqui. Minha gata tá aqui, pedindo atenção, chamando com a pata e agora parece que abraçou meu braco.

O pedacinho cheio de pelo de alegria desse ano.


De tudo
No final da festa
Sobrou
Eu e o cachorro.

Ele babando
Eu fazendo carinho.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Porque ser trouxa tá na moda

quédize..
a pessoa termina comigo. fala que não consegue me amar
e numa conversa amistosa
eu me proponho a fazer uma lista de coisas que gosto dela
QUAL É O PROBLEMA COMIGO?

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Me tornei uma cachoeira
Depois da yoga
E uma long neck na mão.
Pai,

Que saudade das cervejas e conversas na padaria.

De como em cada uma você me apresentava: é minha filha.

E eu sorria com orgulho.

Desculpa por esses dias. Mas é que não ta fácil não.

Você faz falta.

Meu cordão umbilical que foi agora.


ei.

descobri coisas novas.
músicas que me lembram você.

queria compartilhar.

com você e não com a tela que você vê.

mas para que?

para quem?


é do fim de a Culpa é das Estrelas.
e vai ficar aqui só para constar.
engraçado que não lembro disso no livro.
mas só no filme me doeu. me marcou.
sim, é o momento.

sempre são os momentos.

"You don't get to choose if you get hurt in this world...but you do have some say in who hurts you. I like my choises".



eu tenho uma foto minha criança colada no computador.
foi uma ação qualquer no trabalho e ao devolverem colei aqui.

bem de frente para mim.

a touquinha branca, coisa da minha avó.
mordendo o beiço fazendo graça.

tenho a impressão que sempre fui essa com um peso no peito.
fazendo graça para os outros ao redor estarem bem.

o olhar longe e vago.
mas não nessa foto.

queria saber como era essa menina.
que vivia antes das minha lembranças.
vagas, de uma pouca idade.

nasceu e já tinha responsabilidades.
soube recente, que me preocupada desde pequenininha, como diria minha outra avó.

ainda não sei porque coloquei aqui. e olho sempre.
talvez porque seja ela, aquela criança, a única que caminhou comigo a vida toda.
a presença constante. eu.
ela ali dizendo: eu to sempre aqui.
e é a única que realmente está.

ahh se eu pudesse abraçar a guriazinha de toca branca
sorriso safado
e mostrar,
ei, não estamos sozinha.
temos uma a outra.

e é com isso que vamos contar o resto da vida.

um dia com rugas, estaremos três.
estivemos sempre aqui.

é o que restará
junto com o que espalhamos por aí.

cansada de falar com a tela do meu celular.

de receber mensagens curtas e esporádicas.

de acreditar sempre.


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Sobrou eu
Um copo
Uma garrafa
Uma cadeira vazia
E até a mesa são dois uns, que não se somam.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Carta para você

Porque apareceu.

Me fez ficar.

Por que fingiu querer ficar?

Há 04 dias me ligou dizendo o quanto sentia a minha falta. E que chegava a doer.
Falou que estava se apaixonando.
Hoje, as coisas mudaram.

E sobrou uma escova de dente pendurada no banheiro.
A almofada que eu nunca mais vou conseguir abraçar.
E as lembranças que dançam no meu quarto.

Não, para mim as coisas não são assim, frias, objetivas, fáceis.
E não adianta nada que eu fale ou faça.
Você não quer ir além. Oferecer mais.
Acha que faz muito, mas se esconde.
Você quer mais, mas o inverso não.

Talvez eu tenha me enganado demais com você.
E mesmo assim. Cai. Por você.

Achei que poderia ajudar. Que seríamos mais. Que se eu tivesse paciência e cuidado você ia começar a sentir, a se abrir, a deixar rolar, sentir sem segurar.
Eu jurava que era só isso que precisava.
Mas não é. Não é porque você não quer.
Você prefere assim, ser um muro.
Mas muros machucam para não serem machucados.
Por mais que você tente.

Doí demais você não enxergar. Não perceber, que não, eu não sufoco. O inverso sim. Mas, até isso, achei que se eu mostrasse que eu sou diferente, que não sou como a maioria,  que você podia acreditar, que se eu conversasse tudo isso ia se ajustar. Que você saberia, que quando sou de alguém, sou de alguém e pronto.

Mas você gosta da insegurança, você gosta de provocar isso no outro, acha que é importante que o outro saiba que não tem você 100%, que então é melhor sempre ir atrás e tentar mais. Gosta do ciúme, mas quando demonstra demais já não quer.

Você vai ser sempre a pessoa que se contradiz a cada minuto e me deixa perdida.
E até nisso, abri todas as exceções e tentei lidar.

Abri todos os meus pré-conceitos sobre o que considero essencial, para você bagunçar.  Quis mostrar, tudo que eu gosto para que você soubesse quem sou eu.
Mas você não quis ver. Nunca quis.

Você testa. Ameaça ir embora. Não atende. Não responde.
Nada disso me serve.

Mas servia você. Quando estávamos juntas bem.  
Quando você estava disposta a ceder um pouco, e foi pouco.

E eu me dispus a ceder. Até no apelido.
Abri as portas. Apresentei minha família, me expus.
Tentei dessa vez tudo que não tentei com mais ninguém. Quis fazer diferente, quis ser melhor.
Mas não adianta se for só eu.  Se não for recíproco. E ouvir que fui que estraguei tudo.

É uma pena mesmo você não ver.

Até mesmo todo o tempo que usei para escrever isso, pode ser que não tenha valido de nada.
Que o que você quer é outra coisa mesmo. Alguém que faça tudo como você quer. Alguém com a mesma maturidade e as mesmas ideias.

Talvez você, realmente, não saiba o que é gostar de verdade, se apaixonar ou amar. Ou nunca tenha se permitido.


E mesmo doendo. Muito. Ainda te liguei na noite anterior, e se você tivesse atendido eu teria tido: Apesar de tudo, queria dormir com você nessa noite fria. 
só ficou aquela escova de dente pendurada no  banheiro.

e as milhares de imagens que dançam pelo meu quarto.


é hoje.

foi ontem, mas vai ser hoje.

em que tudo volta a ser vazio.

o abrigo que nunca existiu

volta a ser um cobertor e dois travesseiros.

e o acorda e levanta sem graça.


sábado, 15 de novembro de 2014

.porque algumas vezes eu quis morrer. mas não é que eu quisesse morrer. eu queria que parasse.

Clarah Averbuk.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

deixei o café pela metade
naquela manhã cinza.

ouvi a música no repeat
enquanto o nosso contato diário pisca na tela do meu celular.

não quero.
não quero amenidades.
quero discussões acaloradas sobre assuntos diversos que não seja sobre nós.

mostrar,
descobrir,
aprofundar.
afundar.

deveria fazer parte.
mas não.

não faz.