terça-feira, 17 de março de 2015

A caderneta

Eu tenho textos de caderneta que começaram a acumular em um certo caderninho. Ele serviria apenas para registrar impressões e divagações nessas novas paisagens.  

Mas os textos da caderneta não pertencem aqui. São por demais reveladores.

Foram escritos com caneta em punho, manchando o papel com amargura, angústias e descobertas vestidas de tinta azul.

Borboletas de diversas cores chegaram a cruzar por ali, batendo as asas nas lembranças, provocando uma corrente fria que vinha da base da espinha, cruzava o pescoço, fechava os olhos e voltava correndo até o estômago.

Por vezes, fragmentos de uma água salgada escapavam de seus esconderijos e antes que fossem descobertas pulavam rapidamente naquele papel. Queriam brincar, espalhando e fazendo navegar aquela letra azul, 
 
Algumas palavras reclamaram de um gosto amargo que respingou sobre elas, um líquido amarelo, completamente embriagante. Muitas gostaram, ficaram difusas e pediram mais.

Ah.. sim. tem alguns sobre você. 

Com pequenos detalhes, gostos, cheiros e frases inteiras.

Elas rodam, sabia? Percorrem todo o cérebro, que parece ficar bobo e perder todas as outras funções.

Sim! Elas rodam, dançam, rodopiam até! E me pregam peças. Como crianças danadas, correm e me deixam ali. Parada.

Sorrindo como uma boba olhando para um tela que meus olhos nem viam!

Um dia...

Um dia, nessa brincadeira, trombaremos. Você vai ver!

Também vou brincar de rodar. 

Não só pela minha imaginação. 

Vou escorregar pelos cadernos, blogs, páginas, cabeças, líquidos, risos, espasmos.

e pela tinta azul.



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