E a menina que não mais escrevia, escreveu. E sua mão não queria parar, nesse reencontro com a caneta, teclado e fluidez de ideias.
Mas dessa vez não esvaziava, não aliviava. O que estaria diferente?
A vontade era de esvaziar a cabeça e a alma. Ser zero, para ser preenchido de novo. Mas a menina não queria memórias novas, outras histórias. Era apenas isso, murchar, desnudar o acumulado.
Ser livre da prisão que era ela. Das vestes que estranhas. Porque era um saco ser ela às vezes.
Mudar dá muito mais trabalho do que se pensa. Mudar o que não se sabe ao certo, o que não se enxerga nítido, quando não se alcança o que deve ser mudado.
Para o olhar mais desatento e espírito mais livre de amarras, veria nela apenas o não que se instaurou, enquanto uma cruzada sangrenta percorre aquela menina, escondida atrás dos fones de ouvido e suspiros longos. Como se lhe faltasse o ar.
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