Porque apareceu.
Me fez ficar.
Por que fingiu querer ficar?
Há 04 dias me ligou dizendo o quanto sentia a minha falta. E
que chegava a doer.
Falou que estava se apaixonando.
Hoje, as coisas mudaram.
E sobrou uma escova de dente pendurada no banheiro.
A almofada que eu nunca mais vou conseguir abraçar.
E as lembranças que dançam no meu quarto.
Não, para mim as coisas não são assim, frias, objetivas,
fáceis.
E não adianta nada que eu fale ou faça.
Você não quer ir além. Oferecer mais.
Acha que faz muito, mas se esconde.
Você quer mais, mas o inverso não.
Talvez eu tenha me enganado demais com você.
E mesmo assim. Cai. Por você.
Achei que poderia ajudar. Que seríamos mais. Que se eu
tivesse paciência e cuidado você ia começar a sentir, a se abrir, a deixar
rolar, sentir sem segurar.
Eu jurava que era só isso que precisava.
Mas não é. Não é porque você não quer.
Você prefere assim, ser um muro.
Mas muros machucam para não serem machucados.
Por mais que você tente.
Doí demais você não enxergar. Não perceber, que não, eu não
sufoco. O inverso sim. Mas, até isso, achei que se eu mostrasse que eu sou
diferente, que não sou como a maioria, que você podia acreditar, que se eu conversasse
tudo isso ia se ajustar. Que você saberia, que quando sou de alguém, sou de
alguém e pronto.
Mas você gosta da insegurança, você gosta de provocar isso
no outro, acha que é importante que o outro saiba que não tem você 100%, que
então é melhor sempre ir atrás e tentar mais. Gosta do ciúme, mas quando
demonstra demais já não quer.
Você vai ser sempre a pessoa que se contradiz a cada minuto e
me deixa perdida.
E até nisso, abri todas as exceções e tentei lidar.
Abri todos os meus pré-conceitos sobre o que considero essencial,
para você bagunçar. Quis mostrar, tudo
que eu gosto para que você soubesse quem sou eu.
Mas você não quis ver. Nunca quis.
Você testa. Ameaça ir embora. Não atende. Não responde.
Nada disso me serve.
Mas servia você. Quando estávamos juntas bem.
Quando você estava disposta a ceder um pouco, e foi pouco.
E eu me dispus a ceder. Até no apelido.
Abri as portas. Apresentei minha família, me expus.
Tentei dessa vez tudo que não tentei com mais ninguém. Quis
fazer diferente, quis ser melhor.
Mas não adianta se for só eu. Se não for recíproco. E ouvir que fui que
estraguei tudo.
É uma pena mesmo você não ver.
Até mesmo todo o tempo que usei para escrever isso, pode ser
que não tenha valido de nada.
Que o que você quer é outra coisa mesmo. Alguém que faça tudo
como você quer. Alguém com a mesma maturidade e as mesmas ideias.
Talvez você, realmente, não saiba o que é gostar de verdade,
se apaixonar ou amar. Ou nunca tenha se permitido.
E mesmo doendo. Muito. Ainda te liguei na noite anterior, e
se você tivesse atendido eu teria tido: Apesar de tudo, queria dormir com você
nessa noite fria.
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